Após dizer que o Enem começa a ter ‘a cara do governo’, Bolsonaro nega que tenha visto questões

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quarta-feira (17), durante viagem ao Catar, que não viu as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano. Na segunda (15), ele disse que as questões do Enem começavam a ter a “cara do governo”.

Jornalistas voltaram ao tema nesta quarta e perguntaram ao presidente se ele tinha visto as questões.

“Não, não vi. Eu não vejo, não tenho conhecimento”, respondeu Bolsonaro.

O Enem vive uma crise nos últimos dias.

Na semana passada, servidores do Inep, órgão responsável pelo exame, afirmam que sofreram pressão psicológica e vigilância velada na formulação do Enem 2021 para que evitassem escolher questões polêmicas que eventualmente incomodariam o governo Bolsonaro. 37 deles entregaram seus cargos no Inep. O exame vai ser realizado neste fim de semana.

A presidente da Comissão de Educação da Câmara, Dorinha Rezende (DEM-TO), afirmou que o colegiado vai chamar o ministro da Educação, Milton Ribeiro, para prestar esclarecimentos.

Ataques ao Enem

Em Doha, capital do Catar, Bolsonaro falou com jornalistas após um passeio de moto. Ele visitou o estádio de futebol Lusail. O Catar vai sediar a Copa do Mundo de 2022.

Ainda falando sobre o Enem, o presidente repetiu ataques que faz à prova desde o período da campanha eleitoral. Para Bolsonaro, o Enem tinha “questões esquisitas” e de “ativismo comportamental”.

“Olha o padrão do Enem do Brasil. Pelo amor de Deus! Aquilo mede algum conhecimento, ou é ativismo político? Ou é ativismo também na questão comportamental. Não precisa disso”, disse Bolsonaro.

‘Rei de Roraima’

Bolsonaro faz uma viagem de uma semana pelo Oriente Médio. O Catar é a última parada. Antes, ele esteve nos Emirados Árabes e no Bahrein. Os Emirados são um conjunto de monarquia. Bahrein e Catar também são regimes absolutistas.

Ao falar com os jornalistas, Bolsonaro disse que, para se desenvolver, o Brasil deveria se mirar no exemplo de países como os do Golfo Pérsico. Segundo eles, são países que, sem matérias-primas naturais, investiram em tecnologia e se desenvolveram.

“Aqui, país que não tem quase matéria-prima, não tem quase nada aqui, tem tecnologia, tem investimento pesado em educação séria. Não essas besteiras que nós vemos em especial no Brasil”, disse.

Ao exemplificar como é possível levar desenvolvimento a uma região, Bolsonaro citou uma situação hipotética em que ele fosse “rei de Roraima”.

“Você pode ver. No Brasil, nós temos uma tabela periódica [muitos elementos naturais] só no estado de Roraima. Em campanha eu falei: ‘Se eu fosse o rei de Roraima – olha só que coisa linda, hein? Temos rei aqui nesta região. Se eu fosse rei de Roraima, em dez anos teria um PIB igual ao de São Paulo. Ouso dizer, se eu fosse o rei de Roraima, em dez anos teria o maior PIB do mundo”, imaginou o presidente.

Fonte – G1

Deixe um comentário

Veja também...