Índice de testes positivos para Covid-19 tem sexta alta seguida

Na mesma semana em que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontou o aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) na população adulta, causados principalmente pela Covid-19, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) identificou, em seu mais recente boletim, um aumento de testes positivos para a doença no país.

De acordo com os dados da associação, que compreendem o período entre 1º e 8 de maio, houve uma taxa de positividade de 19,86%. Este é o maior índice dos últimos três meses, desde a semana de 21 a 27 de fevereiro deste ano.

Foram 89.090 testes realizados no período, sendo 17.697 positivos e 71.697 que não identificaram o coronavírus. É a sexta semana consecutiva de aumento da taxa de positividade, a quarta em que foi observado crescimento na realização dos exames em farmácia, indicando a tendência de alta nos casos de Covid-19 no Brasil.

Na primeira semana de maio, as maiores taxas de positividade foram nos estados do Paraná (30%), Rio Grande do Sul (27%) e Santa Catarina (22%). São Paulo, que teve a maior quantidade de testes feitos no período (28.897), registrou 17%, a quarta maior do país.

A Abrafarma também avaliou a diferença percentual dos testes positivos em relação à semana anterior analisada. Neste último boletim, 17 dos 27 estados tiveram aumento na taxa de positividade, dois se mantiveram estáveis e apenas sete apresentaram queda neste índice (Tocantins, Sergipe, Piauí, Espírito Santo, Bahia, Amazonas e Alagoas).

Dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostram que em março, foram feitos 265.917 exames de Covid-19 em laboratórios. Destes, 21.345 foram positivos, ou seja, 8%. Em abril, foram feitos 156.149 testes e 15.048 deram positivo, ou seja, uma taxa de positividade de 9,6%.

Entre as semanas dos dias 25 de abril a 1º de maio e a dos dias 2 a 8 de maio, a taxa de positividade desses exames foi de 12,9% para 17,6%. No primeiro período, foram realizados 44.095 testes e 5.678 foram positivos para Covid-19. Já na primeira semana de maio, foram feitos 47.803 e 8.420 confirmaram a doença.

Os casos de Covid-19 também levantaram um alerta na Fiocruz. Segundo o último boletim InfoGripe divulgado pela fundação, que realizou análises com base nos dados entre os dias 1º e 7 de maio, 17 das 27 unidades federativas apresentam sinal de crescimento nos casos de SRAG na tendência de longo prazo, causados principalmente pelo coronavírus.

Para o coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Marcelo Otsuka, esse aumento nas taxas de positividade e de casos não é surpresa. Segundo ele, a pandemia ainda não está controlada e há muitos casos em todo o mundo, com aumento considerável em alguns países.

“Em nenhum momento, a pandemia acabou. A Ômicron e suas variantes têm aumentado de maneira importante o número de casos. De uma certa forma, já imaginávamos que poderia ter esse aumento aqui no Brasil, especialmente com as reduções das medidas de controle, como uso de máscaras, distanciamento. Ou seja, não foge do esperado”, ponderou o infectologista.

Otsuka ressalta que ainda ocorrem cerca de 100 mortes diárias no país por conta da Covid-19 e que este não é um número desprezível. Ele defende que é preciso melhorar a cobertura vacinal, lembrando que ainda existem desigualdades na cobertura da imunização, com lugares em que as taxas de pessoas vacinadas são baixas.

“O número de crianças vacinadas ainda é pequeno, ainda há muitos idosos que não fizeram a 4ª dose e é sabido que, especialmente nessa população, há uma queda da resposta imunológica ao longo do tempo”, alerta.

“Precisamos caminhar para uma atualização das vacinas. Isso tem sido estudado e proposto por alguns laboratórios. Esperamos que essas vacinas atualizadas também tenham capacidade de proteger a transmissão do vírus e possam agir em casos leves da doença. A proteção atualmente é principalmente em relação a casos graves. Os vírus sofrem mutações. Nossa população ainda é isenta de resposta imune contra o coronavírus, diferente da influenza”, concluiu Otsuka.

INFORMAÇÕES CNN

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