O Puerpério e suas dores

No meu primeiro parto eu realmente esperava ter um parto natural e um retorno breve pra casa. Esperava que fosse bem simples. Bem, depois de muitas camadas de peles cortadas, um bebê para cuidar e tantos hormônios que caem bruscamente no corpo, o chamado puerpério veio como uma bomba pra mim. Eu estava muito feliz com meu filho nos braços, mas é isso que não nos explicam. Estar feliz com o filho nos braços não quer dizer um Amor instantâneo, uma vida estruturada, e uma compreensão sobre o que há de vir. É tudo novo, e os hormônios devastam nossa lucidez. Sim, o puerpério é algo sobre nossa biologia, um instinto natural da mãe, e uma preparação perfeita do corpo para o que há de vir.


Refletindo depois de alguns puerpérios e eu posso afirmar que esse momento nos revela que fomos transformadas pela maternidade, a pessoa que existia antes da gestação é outra agora com o bebê no colo. Hoje percebo o quanto isso é feliz, ser modificado profundamente para zelar pela vida de alguém é um grande presente. Não somos perfeitos, nossos filhos e pais também não, mas todas as nossas decisões vão decidir também os próximos passos para a vida dessa criança. Eu garanto que nenhum puerpério é igual, e temos gatilhos emocionais bem pessoais em cada um.


Posso falar da minha experiência, nas 3 cesáreas as quais fui submetida, o puerpério foi bem “semelhante”. Eu sinto muita necessidade de proteção, e cobro bastante o cuidado do meu esposo. É como se eu me sentisse fraca e precisasse de alguém pra me proteger junto com a cria. Fico em estado de alerta e durmo muito pouco, consigo relaxar muito pouco. Não sinto fome, e fico buscando resgatar minha imagem de mulher. Costumo até cuidar mais da minha aparência e fico meio insegura. Essas foram algumas das similaridades que percebi nos meus 3 puerpérios, mas claro, a maturidade e ser mãe de mais filhos me modificou para a percepção daquele momento. A questão é que, nem todo mundo entende que a mãe também precisa de cuidado, então, você precisa ser clara e objetiva sobre o que sente e necessita!

Chorar a toa, ter medo do novo, não se sentir capaz de cuidar do ser que nos foi confiado, também são vividos fortemente por mim durante o puerpério. Ter filhos é uma grande benção, mas é também uma das experiências mais loucas e profundas que vivemos nessa vida. Sei que ainda tenho experiências a viver, mas a maternidade me modificou profundamente. Outro dia lendo sobre esse momento de reestruturação hormonal vi que há novas ligações desenvolvidas no nosso cérebro quando esse momento singular acontece. É como se nossa massa encefálica sofresse uma mutação para se adaptar as novidades da vida materna. Isso é realmente muito doido, você muda biologicamente pra poder estar pronta, e nem assim estamos, né? Quanta culpa vem junto com essa bendita Criança! A gente tem tanto questionamento que é até difícil enumerar.

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O Amor mais feliz e louco que podemos viver.

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