Você não é todo mundo.

No fim do domingo me reuni com algumas amigas e mesmo que conversemos sobre os mais diversos assuntos, a maternidade sempre vira uma pauta. Afinal, eu tenho respirado isso todos os dias nos últimos anos. E a cada filho que nasce meu currículo ganha muitos upgrades. Não me entenda mal, é pura experiência frustrada, nada de arrogância. Até porque, maternidade e arrogância não combinam em nada, mesmo que a razão te acolha, a humilhação é certa! Não quero frustrar os leitores com métodos infalíveis de uma criação estruturada e pautada em perfeição, aqui temos uma mãe cheia de defeitos amando os seus e amadurecendo com esse Amor que dá a própria vida. Os meus filhos se jogam no chão no shopping porque eu não dei o presente que eles queriam, eles também dão trabalho na missa e não ficam paralisados, eles pulam e fazem barulho até incomodar os vizinhos. Não posso deixar de mencionar que eles também se apossam dos brinquedos e não querem emprestar pros amiguinhos. Provavelmente, quando crescerem mais e se depararem com os hormônios vão vir com mil argumentos e discutir sobre as regras impostas e as permissões pelas quais eles devem lutar nessa fase da vida. Isso é a vida, nós vivemos tudo isso; sendo mãe preciso me recordar de tudo isso sempre que eu me comporte como a voz autoritária que lidera.

Como adulta que sou, justifico o paragrafo anterior para que a sociedade não me massacre. Precisamos de ordem, precisamos de disciplina, precisamos de organização, é isso que vai dar corpo a educação e a vida adulta será estruturada nessa vivência impositiva dos primeiros anos da vida. Não é segredo, não é uma imposição minha, é um verdadeiro aprendizado, porque eu fiz muitas escolhas na vida querendo fugir da monotonia da rotina. Como falei no começo, a humilhação começa na nossa frustração. Eu, inimiga da rotina, disposta a impor uma rotina para educar minhas crianças. Fim.

Poderia eu terminar isso tudo, aqui. Mas é preciso continuar, porque na prática a teoria é outra. Mesmo que eu tenha lido uma porção de livros que me nortearam psicologicamente, e tenha feito terapia(não aceito a alta do meu psicólogo), a cada dia dessa vida de observar, refletir e praticar é uma eterna montanha russa. Nos últimos dois anos, tenho lido livros de homens e mulheres e até famílias que viveram uma vida direcionados pela fé(os santos). Não quero tratar de religião aqui, acalme seu coração, quero apenas dissertar sobre minhas percepções. Ver o quanto essas pessoas ficaram frustradas com suas vidas, quanto elas temiam, e eram imperfeitas, me mostra que eu não posso me conformar com a vida. Eu preciso construir minha vida, não posso me direcionar pelo limite dos outros e é por isso que é tão importante saber quem somos e o que queremos nos tornar, mesmo que pareça loucura.

O monólogo que eu comecei com um diálogo de amigas, aprecio aqui. Nesses papos a gente se identifica em coisas que já falamos e até em momentos que já vivemos. Confesso que da roda de amigas sou a que adora contar histórias detalhadas das minhas experiências, uma tendência jornalística da minha personalidade. Inclusive, preciso melhorar na escuta. Pauta pra negociar minha reabertura de processo construtivo com um terapeuta. Voltando ao foco, Mariana. Na roda de conversa trocamos experiências, até partilhei alguns momentos dolorosos da minha caminhada como profissional e esposa(sempre rola, né meninas?). E como na sessão terapêutica, acabamos repensando como superamos certas coisas e parece até pequeno diante dos desafios atuais. Pras crianças esse processo é assim também, e bem mais simples porque eles estão construindo suas percepções emocionais, vivendo primeiras experiências, e aos poucos vão solidificando seu agir baseados nesse mix de vivências. E porque eu estou falando tanto sobre isso e enrolando pra concluir um pensamento, porque a simplicidade da vida das crianças deveria também nortear nossa caminhada. É exatamente por não permitirmos essa simplicidade, que nos cegamos com o agradar aos outros ou basearmos nossa vida nas experiências frustradas de quem conhecemos.

A vida é simples! Que loucura! E como quem escreve sou eu, e você que lê, aqui a percepção é minha, também. Eu te pergunto: “Porque admiramos quem age com naturalidade, com espontaneidade, os famosos autênticos?”. Exatamente, porque, assim como as crianças eles estão preocupados em agradar com o que eles são. Sem encarar o olhar do outro como um parâmetro. Então, não adianta seguir a boiada e achar que está realizando grandes feitos como a maioria, porque os disruptivos(cof cof) sempre se destacam. O prego que fica pra fora é o primeiro que recebe martelada, e ele aguenta, até entorta, ele veio pra isso. No caso de querer construir uma conjuntura sem arestas melhor dispensar essas amizades. Veja bem, estou falando de pautas dentro da moralidade, não ouse direcionar minhas palavras. E a cada nova geração vamos percebendo o quão muitas vezes nossos pais estiveram certos em muitas coisas. Você nunca será “todo mundo”.

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